terça-feira, agosto 01, 2017

Do livro «POEMA DA CIDADE TRANQUILA»

                                  kii
     
Tudo enfim se calou no silêncio do quarto,
E os braços do silêncio, fechados sobre nós,
Embalam nosso sonho e este langue cansaço.
     
O luar já secou no chão junto à janela.
Por detrás da vidraça é mais azul a noite
E nesta paz abranda, enfim, a nossa febre,
     
No meu ombro o teu beijo: a ternura esvaída
Revive em teu olhar quanto a noite levou.
Lá fora amanheceu. Aqui o claro voo
Alto, forte, viril, de quem achou a vida
     
Imagina um oceano e a ilha calma e quieta
Onde a paixão não morre e o amor só deseja
Repetir nossa história, encantada e discreta,
Por toda a Eternidade.
                                 Assim seja! Assim seja!
     
         Luiz de Macedo: n. Lisboa, 1925; m. Paris, 1987..