terça-feira, março 01, 2016

AO MEU CÃO

Deixei-te só, à hora de morrer.
Não percebi o desabrigado apelo dos teus olhos
Humanismos, suaves, sábios, cheios de aceitação
De tudo... e apesar disso, sem o pedir, tentando
Insinuar que eu ficasse perto,
Que, se me fosse, a mesma era a tua gratidão.
     
     
Não percebi a evidência de que ias morrer
E gostavas da minha companhia por uma noite,
Que te seria tão doce a minha simples presença
Só umas horas, poucas.
Não percebi, por minha grosseira incompreensão,
Não percebi, por tua mansidão e humildade,
Que já tinhas perdoado tudo à vida
E começavas a debater-te na maior angústia, a debater-te com a morte.
E deixei-te só, à beira da agonia, tão aflito, tão só e sossegado.
      
                                    Cristovam Pavia

13 Comments:

Blogger Ana Tapadas said...

Poema extraordinário!
«...não percebi a evidência de que ias morrer»...

Beijinho

10:29 da tarde  
Blogger Ana Simões said...

Triste mas tão sentido e belo este poema. Os animais são maravilhosos amigos... senão os melhores amigos... Nada pedem.. apenas se dão...
LINDO !!!!

4:33 da tarde  
Blogger Ana said...

Os animais de estimação fazem também parte das nossas vidas. Quando eles partem, é inevitável sentir as suas faltas.
Abraço

12:26 da tarde  
Blogger Graça Pires said...

Cristovam Pavia foi um excelente poeta. Este poema está cheio de sentimento por um animal que por certo foi a "maior" companhia que teve...
Beijos.

2:27 da tarde  
Blogger Ana Freire said...

Um belíssimo e tocante poema!...
E na verdade... haverá muitos animais, bem melhores, do que certas pessoas... que certamente merecem que se tenha um sentimento assim profundo, por eles!
Adorei!
Só agora tive oportunidade de passar por aqui, e apreciar este espaço tão agradável, dedicado à boa poesia... aproveitando, para agradecer a simpática visita, por lá no meu canto, em artandkits.blogspot.com
Certamente, será um prazer imenso, visitar sempre que possível este espaço, que nos aproxima de excelentes autores.
Abraço! Continuação de boa semana!
Ana

8:19 da tarde  
Blogger Maria Rodrigues said...

Um poema tão sentido e tão comovente.
Um abraço
Maria

11:20 da tarde  
Blogger Dalva M. Ferreira said...

Tristeza profunda.

11:07 da manhã  
Blogger Aninha Ferreira said...

é pena que estes belos animais os chamados verdadeiros amigos do homem nao durem tanto como nos :(

2:03 da tarde  
Blogger lis said...

Perdas irreparáveis tais como as da família.
Um poema sentido por talvez nao ter entendido a linguagem silenciosa do cão.
Há coisas na terra ainda incompreensíveis_ os animais com um amor tão bonito entre eles e entre os seres que fatalmente não iraõ entende-los ,por inteiro.
Gostei muito do poeta.
deixo abraços

4:16 da tarde  
Blogger ✿France✿ said...

PASSE UNE DOUCE Soirée MANUEL bisous

6:55 da tarde  
Blogger MARILENE said...

A falta de compreensão traz arrependimento, nos momentos posteriores de reflexão. Deixamos de ver a dor nos olhos, embora seja tão gritante. Um poema sensível, triste e belo. Abraço..

7:50 da tarde  
Blogger © Piedade Araújo Sol (Pity) said...

para mim este poema embora triste, é sentido e está magistralmente bem escrito,e é um dos meus preferidos do Cristovam Pavia que foi um grande Poeta.
beijo

:)

6:20 da tarde  
Blogger Dalva M. Ferreira said...

Que tristeza! Irremediável a dor de quem fica , só mesmo escrevendo um poema ao que se foi.

12:26 da tarde  

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